Cirurgia Citorredutora: Saiba mais sobre a cirurgia do peritônio

A maioria das neoplasias intra-abdominais ou pélvicas dissemina-se por via hematogênica, linfática e por implantes peritoneais. Em um número substancial de pacientes, a falha no tratamento cirúrgico é causada pela recidiva isolada no local da ressecção primária ou nas superfícies peritoneais. O tratamento bem sucedido das superfícies peritoneais pode, portanto, proporcionar um impacto positivo na sobrevida. Antes da cirurgia citorredutora com ressecção do peritônio parietal (membrana que recobre a parede abdominal) e o uso da quimioterapia intraperitoneal hipertérmica, estas condições eram inevitavelmente fatais, evoluindo com obstrução intestinal ao longo de meses ou anos. Eventualmente, pacientes portadores de neoplasias de baixo grau tinham longa sobrevida, mas, inevitavelmente, apresentavam progressão intra-abdominal fatal. 

O objetivo do cirurgião na cirurgia de citorredução é remover o máximo possível de lesões tumorais. Quanto menor o volume tumoral residual após a cirurgia, melhores são os resultados.

Os implantes peritoneais decorrentes de tumores malignos não respondem bem a quimioterapia. De tal forma que hoje, a cirurgia citorredutora associada a quimioterapia intraperitoneal hipertérmica constituem a sua melhor forma de tratamento para alguns destes tumores, como os tumores mucinosos de apêndice, o mesotelioma peritoneal, algumas situações de disseminação por tumores colorretais e tumores epiteliais de ovário. Em razão da baixa concentração dos quimioterápicos na cavidade peritoneal, quando administrados pela via sistêmica, a eficácia desta via de administração é insuficiente para tratar lesões residuais na superfície peritoneal, mesmo que microscópicas. 

A associação de cirurgia citorredutora e perfusão intraoperatória de solução de quimioterapia sob hipertermia na cavidade peritoneal é uma opção de tratamento para um grupo singular de pacientes com neoplasias disseminadas na superfície peritoneal. O tratamento baseia-se na tríade de cirurgia citorredutora, quimioterapia regional e calor. A citorredução por si só tem importante papel na ação dos quimioterápicos, por diminuir a população de células neoplásicas. A hipertermia isolada tem ação citotóxica e aumenta a permeabilidade das células neoplásicas aos quimioterápicos, além de potencializar a citotoxicidade de alguns deles.

A perfusão da cavidade pode ser feita pela técnica aberta, também conhecida como técnica do Coliseu, ou pela técnica fechada. A(s) droga(s) utilizadas, o tempo de perfusão, volume, temperatura e fluxo são determinados pelo diagnóstico do tumor primário, condição clínica do paciente e disponibilidade do quimioterápico. 

A cirurgia citorredutora associada a quimioterapia intraperitoneal com hipertermia constitui a modalidade de tratamento padrão-ouro para tumores mucinosos de apêndice com disseminação peritoneal e mesotelioma peritoneal(1,2), e apresenta resultados promissores no tratamento de tumores colorretais e tumores epiteliais de ovário.

Dr. Elio Barreto

  1. Cirurgia citorredutora associada a quimioterapia intraperitoneal hipertérmica (QtIPH) no tratamento da carcinomatose peritoneal. Ademar Lopes. Onco& junho/julho 2011;
  2. PROCESSO-CONSULTA CFM n0 8/2017 – PARECER CFM n0 6/2017. Brasília-DF 30 de março de 2017;

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