Câncer de colo uterino

Introdução

O câncer do colo do útero é o terceiro mais frequente entre mulheres em todo mundo, no entanto, em países em desenvolvimento ocupa o segundo lugar em freqüência. Estima-se uma incidência global anual de 490.000 casos novos com uma mortalidade em torno de 470.000 casos. Nos EUA observa-se uma redução da incidência entre todas as etnias e raças, enquanto que em países em desenvolvimento, onde ocorre cerca de 78% dos casos, principalmente entre mulheres hispânicas e latino-americanas, a incidência permanece alta. A redução da incidência e mortalidade está diretamente relacionada aos programas de rastreamento e tratamento das lesões precursoras da doença.

Sabe-se hoje que, para o desenvolvimento da lesão intra-epitelial de alto grau (precursora da doença) e do câncer invasivo do colo do útero, o Papilomavírus Humano (HPV) é o principal fator de risco, associado a outros fatores como o tabagismo, multiplicidade de parceiros sexuais, uso de contraceptivos orais, multiparidade, baixa ingestão de vitaminas, iniciação sexual precoce e infecção associada ao vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e Chlamídia trachomatis.

A maioria dos casos de câncer do colo do útero são causados por um dos 13 tipos do HPV atualmente reconhecidos como oncogênicos. Destes, os tipos mais comuns são o HPV16 e o HPV18.

Em países desenvolvidos, a sobrevida média em cinco anos estimada para as pacientes portadoras de tumores invasivos varia de 51% a 66%. Nos países em desenvolvimento, os casos são encontrados em estádios relativamente avançados e, consequentemente, a sobrevida média é menor, cerca de 41% após cinco anos. A média mundial estimada é de 49%.

É estimado que uma redução de cerca de 80% da mortalidade por esse câncer pode ser alcançada através do rastreamento de mulheres na faixa etária de 25 a 65 anos com o teste de Papanicolaou e tratamento das lesões precursoras com alto potencial de malignidade (NIC II) ou carcinoma in situ (NIC III) e diagnóstico precoce dos tumores invasivos.

Em seus estádios iniciais os tumores podem não apresentar sintomas. Sinais de alerta para possíveis lesões são corrimento vaginal, sangramento vaginal intermitente e após as relações sexuais.

Recomendações de rastreamento da Sociedade Americana de Cancerologia

Métodos de rastreamento e/ou diagnóstico

  • Citologia oncótica convencional, também chamada de exame preventivo ou Papanicolaou
  • Citologia em base-líquida
  • Teste de DNA para detecção de HPV

OBS: O teste de DNA para detecção de HPV não é recomendado de rotina para adolescentes e adultos jovens (30 anos).

Data para início do rastreamento

  • Iniciar o rastreamento no máximo três anos após o início da vida sexual
  • Não ultrapassar os 21 anos para início do rastreamento.

Frequência para o rastreamento

  • Anual, quando realizado através do método convencional
  • Bi-anual, quando realizado através de citologia em base líquida

OBS 2: Em mulheres com mais de 30 anos o rastreamento através da citologia oncótica combinado com o teste para detecção de DNA de HPV de alto risco, pode ser realizado a cada três anos, desde que o exame prévio tenha sido normal.

Pacientes histerectomizadas

Pacientes submetidas à histerectomia subtotal, ou seja, histerectomia com preservação do colo uterino devem manter o rastreamento igual a pacientes que não foram histerectomizadas.

Pacientes submetidas à histerectomia total por doença benigna, (por ex. miomas), não precisam fazer exame de citologia de rotina, no entanto, devem manter as visitas regulares ao seu ginecologista para detecção e tratamento de outras possíveis doenças, como também, para se certificar que o colo uterino foi realmente retirado.

Pacientes submetidas à histerectomia total por lesão pré-maligna de colo uterino (NIC II ou NIC III) devem manter o rastreamento com citologia vaginal.

Mulheres de alto risco

São consideradas de alto risco as mulheres com história prévia de câncer de colo uterino, carcinoma in situ (NIC III) e imunocomprometidas (HIV, por ex.). O rastreamento nestas pacientes deve ser ininterrupto em virtude dos fatores de risco.

Quando parar o rastreamento?

O rastreamento pode ser interrompido a partir dos 70 anos, desde que os exames de citologia dos últimos 10 anos tenham sido normais. Outra situação que pode sugerir a interrupção do programa de rastreamento é quando a paciente apresenta doenças graves outras que não permitam qualquer tipo tratamento de um eventual câncer de colo diagnosticado no rastreamento.

Em linhas gerais a decisão de interromper o programa rastreamento deve ser individualizada, levando-se em consideração os custos, riscos e benefícios.

Vacinação contra HPV

Recentemente, no Brasil, foram registradas na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a vacina quadrivalente contra o HPV sorotipos 6, 11,16 e 18 e a vacina bivalente contra o HPV sorotipo 16 e 18. Os sorotipos 6 e 11 são os principais responsáveis pelas verrugas genitais enquanto que os sorotipos 16 e 18, respondem por 70% dos tumores do colo de útero.

Em mulheres que não haviam sido previamente infectadas pelo HPV 16 e 18, após três anos de vacinadas, a eficácia da vacina foi de 99% para prevenção de lesões intra-epiteliais de alto grau (NIC II e NIC III). Nas pacientes que haviam sido previamente infectadas pelo HPV 16 ou 18, a eficácia da vacina foi de 44%. Não há dados concretos a respeito do tempo de proteção conferido pela vacina. Acredita-se em um fator de proteção de 5 a 9 anos proporcionado pela vacina.

Sabendo-se que o HPV sorotipos 16 e 18 respondem por 70% dos tumores malignos do colo uterino, torna-se evidente que mulheres vacinadas podem adquirir outros sorotipos de HPV e consequentemente desenvolverem a doença. Portanto, pacientes vacinadas devem manter o programa de rastreamento do câncer de colo.

Recomendações

Vacina quadrivalente

  • Indicada para as idades entre 9 e 26 anos

Vacina bivalente

  • Indicada para as idades entre 10 e 19 anos

Vale salientar que a melhor eficácia da vacina ocorre em mulheres que não tiveram exposição prévia ao HPV, portanto a vacinação preferencialmente deve ser administrada antes do início da vida sexual para uma melhor eficácia.

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